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organização "Instituto Fogo Cruzado" analisou discursos realizados na Câmara dos Deputados e do Senado entre 1951 e 2023 para entender o que o Congresso Nacional fala sobre o armamento civil. Eles analisaram um total de 1.977 discursos, dos quais 1.790 foram da Câmara dos Deputados e 187 do Senado.
O estudo revelou que houve um aumento dos discursos favoráveis à liberação das armas para toda a população a partir de 2015, o primeiro ano de legislatura após as manifestações populares de 2013. Isso ocorreu porque na eleição de 2014 houve um processo mais intenso de renovação das elites políticas, com a ascensão de diversos novos deputados e senadores.
Os pesquisadores também apontam que o problema da violência no Brasil não será resolvido com mais armas nas mãos de civis. Eles afirmam que um retrocesso ainda maior do que o que vimos em anos recentes em relação ao armamento civil será desastroso nesse contexto. O futuro que precisamos construir é de menos mortes e não virá com mais civis armados.
No período de 2015 a 2023, foram realizados 272 discursos sobre o tema do armamento na Câmara e no Senado, sendo 198 pró-armamento (73%), 65 pró-controle de armas (24%) e nove neutros (3%). Foi a primeira vez que os discursos pró-armas superaram quem era contrário.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, entre as primeiras medidas de seu governo, modificou as regras para facilitar que a população tivesse acesso a armas. No entanto, o estudo verificou que mesmo com a mudança nas regras em 2023, a forma como o Congresso pensa o tema não mudou e a proporção entre os discursos se manteve grande.
Nas últimas três legislaturas, de 2015 até ano passado, a grande maioria dos parlamentares que falam sobre armas são homens (84,8%). Além disso, 76,5% (166) são brancos.
Os discursos pró e contra armas foram classificados em cinco categorias diferentes: argumento da defesa do cidadão de bem (53% dos discursos pró-armas), melhoria da segurança pública (69% dos discursos pró-armas), impactos das armas em mortes de populações frágeis socialmente (53% dos discursos contra armas), medo da violência (93% discursos pró-armas) e o papel da política (discursos ideológicos) (30% discursos pró-armas).
Entre os 544 discursos realizados entre 2015 e 2023, apenas 30% utilizaram dados, estatística ou pesquisa científica para justificar seus argumentos. E dentro desse grupo, 55% não mencionaram fonte de onde os dados foram retirados.
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