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França entra na reta final das legislativas com extrema direita forte; o que isso significa

Creditos: G1

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eleição ocorrerá aproximadamente um mês após o presidente francês, Emmanuel Macron, dissolver o parlamento para evitar que o sucesso no Parlamento Europeu seja refletido no país e para evitar que os nacionalistas ganhem mais visibilidade. No entanto, o partido de Macron (REM) foi derrotado nas eleições para o partido (RN) de Marine Le Pen, uma política populista de extrema direita, em 9 de junho. O aliado de Macron, Gabriel Attal, pediu aos franceses para votar na aliança de Macron para evitar que os extremos, especialmente a extrema direita, ganhem as eleições. O adversário de Macron é o jovem líder de extrema direita Jordan Bardella, de 28 anos. As eleições parlamentares ocorrerão em dois turnos, em 30 de junho e 7 de julho. Uma pesquisa realizada pelo OpinionWay mostrou que o partido (RN) pode alcançar até 37% do voto popular, um aumento de dois pontos percentuais em relação à pontuação da semana anterior. O partido Juntos, do bloco centrista de Macron, atingiu 20%, uma queda de dois pontos em relação à última publicação. O resultado do segundo turno francês é um pouco mais incerto devido ao próprio sistema eleitoral do país. Os 577 deputados são eleitos em círculos eleitorais não nominais com sistema majoritário em dois turnos. Socialistas, comunistas e ambientalistas, aliados do partido radical França Insubmissa (LFI), já avisaram que retirarão seus candidatos se chegarem em terceiro lugar ao segundo turno para dar mais chances ao candidato do governo frente a um de extrema direita.

    Se a extrema-direita assumir o parlamento, o partido governante de Macron teria que aumentar seu número de deputados para 289 para ganhar uma maioria absoluta na câmara baixa francesa. Caso contrário, Macron seria obrigado a nomear um adversário para o cargo de primeiro-ministro. E se isso acontecesse – do presidente e o primeiro-ministro serem de partidos políticos diferentes – seria chamado de "coabitação". A França viveu três períodos semelhantes a esse. Nesse cenário, o presidente mantém o papel principal em defesa como comandante-em-chefe e em política externa, mas perderia o poder de definir a política doméstica. O último período semelhante ocorreu em 1997, quando o presidente de centro-direita Jacques Chirac dissolveu o parlamento pensando que ganharia uma maioria mais forte, mas inesperadamente perdeu para uma coalizão de esquerda liderada pelo partido Socialista.

    O partido de Macron tentou diversas vezes alertar para o risco da chegada ao poder da extrema direita. Desde que Marine Le Pen assumiu a liderança do partido Reagrupamento National em 2011, ela tenta constantemente argumentar sobre encontrar políticas populistas para os franceses. No entanto, tem posturas xenofóbicas e ideais próximos ao governo russo. Ela, por exemplo, já sugeriu que, caso chegasse ao poder, Macron teria dificuldade de enviar tropas para apoiar a Ucrânia contra a Rússia. Segundo a Rádio França Internacional (RFI), a sigla também quer deixar de lado o impacto do carbono na região, já que planeja dar incentivos as indústrias francesas.

    A expectativa é que RN governe de uma forma semelhante à gestão da italiana Giorgia Meloni, que adota internacionalmente um discurso voltado a preocupação com as negociações climáticas e internamente que permite que ministros e aliados questionem as ciências do clima. Além disso, existe uma preocupação com os africanos que têm parentes no país. O partido de Le Pen já afirmou que planeja proibir que certos cargos “sensíveis”, como na área da defesa, por exemplo, sejam proibidos para cidadãos com dupla nacionalidade. James Shields, professor de estudos franceses da Universidade de Warwick, no Reino Unido, disse à BBC que as referências racistas e antissemitas ficaram para trás, mas as velhas medidas de lei e ordem anti-imigrantes e autoritárias do antigo partido do pai de Le Pen permanecem praticamente inalteradas. Marine Le Pen em evento de campanha, em 8 de abril de 2022 — Foto: Lionel Bonaventure/AFP

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