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O Apple Vision Pro é apenas o Apple Watch Edition da sua era, e isso não é um problema

Creditos: MacMagazine

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Apple, após Steve Jobs: Como a busca por excelência e rentabilidade redefiniu a maior empresa de inovação de todos os tempos

    O Apple Watch Edition, lançado em 2014-15, foi uma versão luxuosa do relógio com carcaça de ouro maciço 18 quilates e um preço de US$10.000 (R$80.000 no Brasil). A versão foi chamada de "algo inacreditavelmente único e muito especial" e "a mais bela expressão do Apple Watch" pela Apple. A ideia de ter um Apple Watch de ouro entre as opções da primeira geração foi irredutível para Jony Ive, o designer da Apple. Embora haja resistência interna, o Wall Street Journal publicou informações sobre a primeira geração do Apple Watch, incluindo que milhares de unidades ficaram encalhadas nos estoques e que a venda de 10 milhões de unidades no primeiro ano representou apenas 25% da previsão inicial. A primeira geração do Apple Watch recebeu suporte do watchOS até 2018 e foi classificada pela Apple como obsoleta no ano passado.

    O crescimento do Apple Watch não veio de forma espontânea e demorou para começar. A empresa levou 17 meses para lançar a segunda geração do Apple Watch, mas acertou no mosquito quando o fez. A segunda geração precisou de poucos meses para tornar o Apple Watch o relógio mais vendido do mundo e marcou o início de um calendário anual e regular de atualizações de hardware que dura até hoje.

    Se o Apple Watch tivesse sido lançado apenas na versão Edition em 2015? Seria o sucesso que ele é hoje justificável? A Apple seguiu o cronograma do tempo do que de fato aconteceu e teve que esperar 17 meses até a chegada da segunda geração com modelos mais baratos, processadores mais potentes e versões Edition com preços mais acessíveis. Ao longo desse tempo, houve rumores diários e contraditórios sobre os próximos passos da linha, divididos entre notícias sobre o adiamento/pausa no desenvolvimento do Apple Watch Edition para versões mais baratas e notícias sobre o seu cancelamento. A Apple continuou a investir no desenvolvimento do Apple Vision Pro, apesar das unidades encalhadas e das vendas 75% abaixo do esperado.

    O Apple Vision Pro apresenta uma reprodução tridimensional dos olhos do usuário quando ele não está interagindo com um ambiente totalmente imersivo. A fabricação do Vision Pro se torna cada vez mais barata a cada dia, permitindo que o(s) modelo(s) não Pro receba algumas dessas tecnologias sem encarecer tanto o produto. Os engenheiros da Apple encontraram múltiplas formas de otimizar os algoritmos de visão computacional internos e externos do aparelho, permitindo uma experiência imersiva igual ou superior com menos câmeras e sensores.

    O Apple Vision Pro é o melhor fracasso que a empresa já lançou, defendendo que a investida da Apple no segmento de computação imersiva como uma derrota com base apenas nas vendas do Vision Pro soa tão míope quanto os que, em algum momento da história, classificaram os aviões, carros, o telégrafo, filmes falados, a internet e os PCs como invenções inúteis ou como modas passageiras. A Apple continua a investir no segmento de computação imersiva, apesar de alguns preconceitos e dúvidas sobre o seu potencial de mercado. O futuro da computação imersiva é um mercado ainda incipiente que ofereceu tempo para que os desenvolvedores (e a Apple) identificem as melhores formas de tirar proveito das possibilidades. Embora a margem de lucro da divisão Vision seja menor do que os cerca de 45% com os quais a Apple já está acostumada, ela continuará desempenhando um papel importante na posição de mercado para a qual não há preço: a mostrar ao mercado que a Apple é uma empresa que domina e disponibiliza tecnologias tão avançadas que a concorrência sequer consegue chegar perto.

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