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Coletivos negros centenários socorrem terreiros do RS

Creditos: Terra

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Associação Satélite Prontidão, liderada por Richard Guterres Alves, coordenou a socorro de 186 terreiros de religiões afro e 400 famílias negras em Porto Alegre e região desde o início das enchentes na cidade. A central de socorro montada na Associação Satélite Prontidão, com 122 anos de existência, mapeou demandas para 35 locais sagrados. A entidade funciona no bairro Rubem Berta, o mais populoso de Porto Alegre, com quase 90 mil moradores, no extremo norte, periferia das mais atingidas pela enchente. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é o menor da capital gaúcha. As pessoas atendidas moram ou frequentam terreiros, ou ilês, de Porto Alegre a das cidades de Alvorada, Guaíba, Canoas, Esteio, São Leopoldo e Sapucaia. A Rede das Redes, formada por entidades de representatividade nacional, mobilizou a Satélite Prontidão em Porto Alegre. O conjunto de associações negras, liderado pela Satélite Prontidão, começou a socorrer o povo de terreiro no início das enchentes, em 8 de maio. A estatística divulgada em 22 de maio é o primeiro levantamento. Apesar dos números, "eu não conseguiria mencionar todas as ações, foram muitas, porque sempre fomos fortemente afetados, estamos na periferia", diz Richard Guterres Alves, presidente da Associação Satélite Prontidão. Ele também coordena a executiva dos Clubes Sociais Negros do Rio Grande do Sul, reunindo mais de 60 agremiações. Uma delas é a Associação Cultural e Beneficente Floresta Montenegrina, com 107 anos. Segundo o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pretos e pardos somam 346 mil pessoas na capital gaúcha, representando 26% da população. Em bairros como Restinga, Rubem Berta e Sarandi, há significativa população preta. Existem oito quilombos urbanos na capital gaúcha, com 2.293 pessoas. Grande parte dos ilês ou terreiros estão nas regiões periféricas. As doações chegam de várias fontes, como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de que envia cestas-básicas. Elas são mandadas aos terreiros, onde foram montadas cozinhas solidárias. Povos tradicionais de matriz africana e comunidades de terreiros têm necessidades específicas. Thayna Brasil, voluntária da Fonsanpotma, que integra a Rede das Redes, explica que "nós, do batuque do Rio Grande do Sul, não comemos arroz com galinha. É um alimento fácil de ser produzindo e foi doado em várias marmitas, muitos não entendem que é um dos costumes da nossa tradição". Segundo Richard Guterres Alves, "nos abrigos o efetivo de pessoas negras era bem pequeno. É tradição dos terreiros as famílias procurarem seus ilês para o acolhimento, dificilmente se deslocam para abrigos". Em alguns deles, "principalmente aqueles coordenados pela crença pentecostal, certos hábitos da cultura de matriz africana não estavam sendo respeitados, ou então eram proibidos". As associações culturais, que foram fundamentais para a afirmação da negritude no século 19, continuam mostrando sua importância durante a tragédia das enchentes. O mais antigo clube negro de Porto Alegre é a Sociedade Beneficente e Cultural Floresta Aurora, fundada no último dia de 19872 – tem 151 anos. "Abrimos nossas portas no século 21 para realizar aquilo que é a essência dos clubes negros, prestar apoio a famílias que criaram esses clubes no início do século 20", resume Richard Guterres Alves. "Somos um equipamento da comunidade negra resistente e existente na cidade de Porto Alegre", conclui.

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