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Extrema direita vence 1º turno na França e Macron pede por aliança democrática

Creditos: G1

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Nova Frente Popular, um bloco da esquerda, obteve 28% dos votos nas eleições legislativas na França, enquanto o bloco centrista do presidente Emmanuel Macron alcançou 20%. A participação foi recorde em 40 anos e favoreceu o grupo político de Marine Le Pen. Após a divulgação dos resultados, Macron sugeriu uma aliança ampla entre "candidatos republicanos e democráticos" para o segundo turno das eleições, que ocorrerá em 7 de julho. Já Marine Le Pen pediu aos franceses que deem a maioria absoluta no Parlamento à sua sigla no segundo turno. O cenário pode tornar o governo de Macron inviável na prática.

    O sistema político da França é semipresidencialista, onde os eleitores elegem os partidos que vão compor o Parlamento. O bloco ou coalizão que obtiver mais votos indica então o primeiro-ministro, que governa em conjunto com o presidente -- este é eleito em eleições presidenciais diretas e separadas das legislativas.

    As eleições legislativas da França têm a extrema direita à frente, seguida pela esquerda e coalizão de centro de Macron em terceiro. Caso o presidente e o primeiro-ministro sejam de partidos políticos diferentes, a França entrará em um chamado governo de "coabitação", o que ocorreu apenas três vezes na história do país europeu e que pode paralisar o governo de Macron.

    O primeiro-ministro atual é Gabriel Attal, aliado de Macron, mas se as pesquisas se concretizarem, quem deve assumir o cargo é o Jordan Bardella, de apenas 28 anos, o principal nome do partido da extrema direita de Le Pen, o Reunião Nacional (RN). Após o fechamento das urnas neste domingo, Bardella disse que a votação do segundo turno, na semana que vem, será o "momento mais importante da história da Quinta República da França".

    O presidente francês, Emmanuel Macron, sai de cabine de votação durante eleições legislativas na França em 30 de junho de 2024. As eleições parlamentares são realizadas em dois turnos -- um neste domingo e o outro em 7 de julho. A líder do RN, Marine Le Pen, vota em Hénin-Beaumont, no norte da França, em 30 de junho de 2024.

    O que acontece se a extrema direita assume o Parlamento? Macron teria de nomear um adversário para o cargo de primeiro-ministro -- caso opte por não fazê-lo, ele pode ser alvo de uma Moção de Censura, um recurso do Legislativo no qual deputados votam se querem mantê-lo ou não no cargo. No cenário do chamado governo de coabitação, o presidente mantém o papel de chefe de Estado e da política externa -- a Constituição diz que ele negocia também tratados internacionais--, mas perde o poder de definir a política doméstica e de nomear ministros, o que ficará a cargo do primeiro-ministro.

    O partido de Macron tentou diversas vezes alertar para o risco da chegada ao poder da extrema direita -- que tem se esforçado para moderar a imagem herdada do seu fundador Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen e conhecido por seus comentários racistas. Le Pen deixou para trás posturas racistas e antissemitas de seu pai, mas manteve pautas anti-imigração. A expectativa é que RN governe de uma forma semelhante à gestão da premiê italiana, Giorgia Meloni, que, embora internacionalmente adote um discurso voltado à preocupação com o clima, internamente permite que ministros e aliados questionem o aquecimento global e os acordos climáticos.

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