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'Liberdade inexplicável', diz primeira mulher trans a fazer redesignação sexual pelo SUS em Juiz de Fora

Creditos: G1

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irella Lopez, uma bailarina e estudante de psicologia, tornou-se a primeira mulher a passar pelo procedimento do Sistema Único de Saúde (SUS) em Juiz de Fora para uma cirurgia de redesignação sexual no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF). Ela expressou sua emoção em uma postagem nas redes sociais sobre ter aberto um portal importante para muitas pessoas em sua comunidade.

    A cirurgia representou a liberdade sonhada para Mirella, que destacou que cada pessoa deve ter autonomia sobre seu próprio corpo e acesso a esses e outros procedimentos na saúde pública. Antes da cirurgia, ela enfrentou muitas limitações, desde as simples como usar um traje de banho até as mais complexas como restrições em sua vida sexual. Agora, ela sente conforto e prazer ao poder colocar peças íntimas ou se relacionar sexualmente de maneira mais leve.

    A cirurgia de redesignação sexual, realizada por uma equipe de médicos liderada pela ginecologista Carolaine Bitencourt, mudou a função urinária, evacuatória, sensitiva e motora dos órgãos pélvicos externos e internos. O hospital informou que o procedimento cirúrgico ocorreu tranquilamente com duração de quatro horas, sem intercorrências. Mirella passou por um pós-operatório imediato de sete dias, durante os quais foi assistida por profissionais maravilhosos.

    O HU-UFJF foi habilitado pelo Ministério da Saúde para atender à saúde da população em diversidade de gênero em 2023. Desde então, uma equipe multiprofissional foi estruturada para atender às necessidades dessa população, incluindo profissionais e residentes nas áreas de psicologia, serviço social, enfermagem, fisioterapia, endocrinologia, cirurgia plástica, ginecologia e urologia.

    O Serviço de Atenção Integral à Saúde da População em Diversidade de Gênero oferece vários procedimentos hospitalares/cirúrgicos, incluindo mastectomia (remoção de seios), histerectomia (remoção do útero) e cirurgia de transgenitalização (construção de neovagina).

    A cirurgia de redesignação sexual é uma mudança radical que envolve a reconstrução dos órgãos pélvicos para atender às necessidades individuais. O período de internação é de sete dias, seguido por um pós-operatório inicial com cuidados mais frequentes por cerca de 90 dias. A recuperação completa leva até 180 dias. No entanto, caso de intercorrências, esse período pode ser prolongado.

    O urologista José Murillo Netto, um dos cirurgiões responsáveis pela cirurgia em Mirella, destacou que a cirurgia de transgenitalização já é uma realidade em todo o mundo, embora seja realizada em poucos centros brasileiros. Ele considera que participar deste marco histórico é uma grande honra, pois tem a oportunidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas e realizar seus sonhos.

    A fisioterapia pélvica é fundamental para a reabilitação do assoalho pélvico e suas disfunções após a cirurgia. Priscila Almeida Barbosa, fisioterapeuta pélvica do HU-UFJF, explica que a musculatura pélvica será readequada à sua nova inserção e função após a cirurgia.

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