geral

'Massacre de Paraisópolis': Justiça encerra 4ª audiência de instrução para decidir se leva a júri 13 PMs após ouvir vítimas e familiares

Creditos: G1

T
rês policiais militares foram acusados de participar das mortes de nove pessoas em Paraisópolis, no estado de São Paulo. Doze deles foram acusados de homicídio qualificado e lesão corporal, ambos por dolo eventual (por assumirem o risco de matar as vítimas quando as encurralaram em um beco). Um terceiro agente foi acusado por expor as vítimas a perigo ao soltar explosivos quando elas estavam sem saída. Todos os envolvidos respondem aos crimes em liberdade. A audiência de instrução ocorreu no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital. O juiz Antonio Carlos Pontes de Souza presidiu a sessão, que começou às 11h e terminou às 20h. Foram ouvidas cinco das 22 testemunhas de defesa previstas, incluindo o coronel Fernando Alencar de Medeiros e o coronel Marcelino Fernandes da Silva. A segunda audiência ocorreu em 18 de dezembro com a participação de três testemunhas, duas pesquisadoras e consultoras forenses e a terceira, protegida. A terceira audiência ocorreu em 17 de maio, com nove testemunhas de acusação e uma comum às partes. O grupo era formado por duas vítimas sobreviventes do massacre, seis familiares de vítimas fatais e duas testemunhas protegidas. A continuação da sessão está prevista para o dia 2 de agosto, de acordo com o Tribunal de Justiça. Ainda não há informações sobre quando os PMs serão interrogados. A audiência de instrução é uma etapa do processo que serve para a Justiça decidir se há elementos suficientes de que os réus cometeram algum crime. Se confirmado, o juiz levará os acusados a júri popular e marcará uma data para o julgamento. De acordo com o Ministério Público (MP), há quatro anos que policiais militares entraram em Paraisópolis e encurralaram as vítimas num beco sem saída, provocando as mortes de oito delas por asfixia e uma por traumatismo. A acusação é feita pela promotora Luciana Jordão. Os PMs alegaram que perseguiam dois suspeitos de roubo que estavam numa moto -- que nunca foram encontrados. Em suas defesas, disseram ainda que as vítimas morreram acidentalmente ao serem pisoteadas após um tumulto provocado pelos bandidos. O MP-SP denuncia PMs pela morte de nove pessoas em Paraisópolis. O Batalhão da PM responsável pelo massacre é o mais letal de SP nos últimos 10 anos. Segundo o estudo, ao qual o G1 teve acesso, o 16º Batalhão matou 337 pessoas entre 2013 e 2023. Nenhum dos outros 30 batalhões regulares da capital paulista acumulou tantas "mortes decorrentes de intervenções policiais" (MDIP) como o 16º nos últimos dez anos. Em contrapartida, oito policiais morreram na área do 16° BPM/M em uma década, três em serviço e cinco de folga. A área do 16° BPM/M abrange os distritos do Morumbi, Vila Sônia, Vila Andrade, Raposo Tavares e parte do Campo Limpo. Trata-se de um território de profundos contrastes sociais, onde coexistem condomínios-clube, casas de alto luxo e diversas favelas. Além disso, segundo o estudo, os índices de população preta e parda residente nestes distritos são superiores aos demais distritos da Zona Oeste, que são socialmente mais homogêneos, como Pinheiros, Itaim Bibi e Perdizes, por exemplo. Protesto de moradores nesta quarta-feira (1), no Centro de São Paulo, em lembrança aos dois anos da morte de nove jovens de Paraisópolis.

Ver notícia completa...