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'Minha filha nasceu aos 4 anos': mãe usa experiência pessoal para criar ONG e ajudar outras famílias de crianças trans

Creditos: G1

A
organização não governamental Minha Criança Trans, criada por Thamirys Nunes em 2022, atua em questões de saúde, qualidade de vida, políticas públicas e garantia de direitos para crianças e adolescentes trans de 3 a 18 anos. A ONG Minha Criança Trans atende a mais de 650 famílias no território brasileiro e 75 famílias que residem no exterior. As frentes de atuação da instituição incluem questões de saúde, qualidade de vida, políticas públicas e garantia de direitos, formando uma rede de pais e responsáveis lutando contra o preconceito.

    A história de Agatha Maria, a primeira pessoa trans com quem Thamirys teve contato, inspirou a criação da ONG Minha Criança Trans. A mãe de Agatha, Thamirys Nunes, relata que a menina falou pela primeira vez sobre sua identidade transgender quando tinha apenas três anos e onze meses. "Ela falou pela primeira vez: 'Mãe, sabe o que é triste? É triste que Deus não me fez menina, eu seria tão mais feliz.'"

    Thamirys Nunes, mãe da Agatha e criadora da ONG Minha Criança Trans, afirma que a luta pela igualdade de direitos para crianças e adolescentes trans é uma jornada que a família passou juntos. "A minha única reação foi falar: 'Pelo amor de Deus, não morres. O resto a gente dá um jeito'", relata Thamirys sobre a declaração da filha de cinco anos de idade que queria se tornar uma menina.

    O processo de transição de gênero da filha de Thamirys, Agatha, não inclui o uso de terapias hormonais ou cirurgias devido à idade da menina. Thamirys questiona as pessoas que falam que crianças trans não existem e que ela é maluca por amar sua filha trans. "O que vocês queriam que eu fizesse? Que eu brincasse com a vida? Que eu deixasse essa criança ficar pensando em morrer até quando? Até quando eu conseguisse? E eu não ter mais ninguém pra amar? Eu prefiro amar minha filha trans do que não ter ninguém na minha casa.", afirma Thamirys.

    Fábio Cassali, pai da Agatha, relata que o processo de transição de gênero da filha foi também uma forma de ressignificar amizades, prioridades e conceitos. "A gente teve um processo bem doloroso. Mas nunca, em nenhum momento, a gente pensou em forçar, em castigar, em reprimir. A gente só queria entender", conta Fábio. "As pessoas querem rotular as pessoas em caixinhas que elas não cabem, gerando um sofrimento imenso. Quando eu vejo a Agatha se colocando e ocupando o seu espaço, e aprendendo a ser quem ela é sem vergonha, sem nenhuma vergonha, sem pudor, 'eu sou esta menina que aqui está', isso, para mim, é um motivo de muito orgulho.", diz Fábio.

    Júlio Américo, médico endocrinologista, metabologista e especialista na saúde de pessoas trans, explica que a relação entre crianças e transexualidade é algo natural que sempre existiu e não é uma moda atual. "Não é algo que a criança aprende ou que a gente consiga influenciar, é um desenvolvimento natural, assim, como ser uma pessoa cisgênero [que se identifica com o gênero designado ao nascer]. Então, basicamente, uma criança trans é aquela criança que se identifica num gênero que é diferente do que é designado ao nascimento.", detalha Júlio Américo.

    Segundo o médico, crianças trans podem começar a mostrar desconfortos com algumas situações a partir dos dois anos de idade, demonstrando para os pais a vontade de aderir a comportamentos esperados para outro gênero. "Um menino que gosta de brincar de boneca ou uma menina que gosta de brincar de carrinho, não significa que essa criança vai ser trans no futuro, mas significa que essa criança gosta de participar de brincadeiras ou performar alguns tipos de atitude tidos como de outro gênero e está tudo bem. [...] O nosso papel não é ser taxativo e, sim, permitir que a criança consiga brincar e explorar esse próprio gênero de uma maneira segura.", destaca Júlio Américo.

    José Luiz Egydio Setúbal, pediatra e presidente da fundação que leva seu nome, pontua que o maior desafio para a área da saúde em relação à transexualidade é o diagnóstico, já que o Brasil conta com apenas sete centros especializados e ainda enfrenta preconceitos. "O papel dos órgãos de saúde, das sociedades de pediatria e das universidades é fazer com que as pessoas entendam que a criança transgênero existe porque é uma característica genética e não um problema de sexualidade.", afirma José Luiz Egydio Setúbal. "É preciso um tratamento sério, acompanhamento psicológico e de outros especialistas. A criança trans e todas as pessoas trans precisam ser tratadas e acolhidas com a maior seriedade possível. São pessoas.", finaliza o pediatra.

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