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população trans enfrenta diversas dificuldades de acesso e sofre violência desde cedo, impedindo-os de concluir a escola e ingressar na universidade. Isso as coloca em uma posição extremamente vulnerável. Gustavo Deon, um artista e produtor cultural, explica que essa vulnerabilidade está relacionada ao ambiente e é chamada de "transfobia ambiental".
Diego Candido, um advogado especialista em Direito LGBT+ e coordenador jurídico da ONG Igualdade RS, esclarece que a transfobia ambiental baseia-se em estudos sobre o racismo ambiental que envolve grupos sociais excluídos, como as pessoas trans e travestis. Eles são afetados de maneira mais gravosa por eventos como a crise climática.
Um exemplo disso é a enchente que assolou o Rio Grande do Sul em maio de 2023, que fez 179 vítimas. Hellen Faleiro, uma mulher trans que perdeu sua casa na Ilha da Pintada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, teve que passar por quatro abrigos até encontrar um lugar adequado para ficar. Ela sofreu transfobia e foi chamada de "ele" e "doutor", apesar de estar montada como mulher e usar roupa feminina.
Em 2023, 145 pessoas trans foram assassinadas, um aumento de 10,7% em relação a 2022. O artista Gustavo Deon relata que um homem trans sofreu tentativa de assédio em um abrigo após ser abusado sexualmente antes da enchente e preferiu sair e dormir na rua do que continuar dentro do abrigo.
Dani Morethson, presidente da Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas, mobilizou-se para ajudar os desabrigados e coordenou um abrigo para pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ atingidas pela enchente. Ele relata que todas as pessoas trans que estão no local sofreram algum tipo de violação de direitos em outros abrigos.
De acordo com Diego Candido, essa situação agrava a vulnerabilidade de uma pessoa que já é vulnerável e luta pela sobrevivência todos os dias. A falta de políticas públicas eficazes e a ausência de legislações específicas para proteger os direitos da população LGBTQIAPN+ agrava essa situação.
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