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divulgação do Índice de Gastos de Consumo Pessoal (PCE) nos Estados Unidos em maio mostrou estabilidade no indicador cheio e um aumento de apenas 0,1% no núcleo. Isso foi visto como positivo por vários aspectos e é uma boa notícia para a condução da política monetária pelo Federal Reserve. No entanto, os economistas acreditam que isso não é suficiente para representar uma mudança de tendência sobre o início de cortes de juros pelo banco central americano. A probabilidade de cortes exposta na plataforma FedWatch, do CME Group, mal se mexeu hoje. A chance de uma primeira redução de juros de 25 pontos-base em setembro está em 59,5% há uma semana, enquanto a chance de manutenção estacionou em 34,1% no mesmo período. A probabilidade de começo da flexibilização em dezembro avançou apenas de 43% para 44% e a de manutenção recuou meio ponto percentual, para 30,4%.
Gustavo Sung, economista chefe da Suno Research, considera que os dados foram positivos, mas continuam acima do desejado. Ele destaca que, em maio, tanto a inflação do consumidor quanto a do produtor ficaram abaixo do esperado, trazendo alívio ao mercado. Além disso, diversas outras métricas, como os núcleos, também estão em um nível positivo. No entanto, a desaceleração da economia e essa tendência inicial de arrefecimento da inflação ainda não são suficientes para o comitê de política monetária dos EUA, o Fomc, inicie o afrouxamento monetário. Sung avalia que o início do ciclo de cortes se iniciará em dezembro de 2024, em 25 bps. Essa estimativa depende da evolução do cenário inflacionário e do mercado de trabalho.
Francisco Nobre, economista da XP, tem uma análise parecida e avalia que o cenário em que o Fed vai poder reduzir os juros neste ano está cada vez mais claro. A XP também mantém a perspectiva de que a flexibilização só comece em dezembro, uma vez que as incertezas permanecem. Para ele, o mais importante não é se vão cortar os juros em setembro ou dezembro, uma vez que isso não mudará muito o cenário econômico para os EUA e também não ajuda muto o cenário econômico global.
O mais relevante, segundo Nobre, é que o mercado parou de postergar as expectativas de cortes na taxa de juros. No começo ano, o mercado precificava sete cortes em 2024, as expectativas foram reduzidas para entre um ou dois cortes e eles estavam postergando cada vez mais. Agora, parece que está se consolidando a perspectiva de que o Fed vai, de fato, conseguir cortar. Ou seja, o cenário está ficando mais claro. Sobre os dados da divulgação de hoje, o economista da XP diz ter visto surpresas adicionais positivas além do índice cheio. Ele destaca que, ao observar a variação em duas casa decimais, o núcleo do índice ficou em 0,08%, ante uma projeção de 0,13%, ou seja, cinco pontos-base baixo. “E a surpresa veio da categoria mais importante, que é a de serviços excluindo moradia. O mercado esperava cerca de 0,20% e veio 0,10%. A categoria que mais impacta a função de reação do BC teve uma notícia positiva”, detalha.
Enquanto isso, bens veio em linha com as expectativas (-0,18%), mais um número mostrando deflação. “A gente vem acompanhando muito a queda de bens, mas foi a primeira leitura negativa em quatro meses”, diz Andressa Durão, economista do ASA. Andressa cita que a taxa mensal do PCE de maio veio um pouco abaixo do esperado quando se observa a variação em duas casas decimais. “Os próximos dois dados de inflação serão decisivos para o Fed avaliar se um corte de juros em setembro ainda está na mesa. Nossa visão é de que a inflação não dará trégua e o Fed não terá confiança suficiente até setembro para iniciar o ciclo de corte de juros”, pondera.
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